quinta-feira, 20 de agosto de 2009

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Leve... leve...

Vulcão Etna - Sicilia/Italia

REINVENTO
Composição: Estrela Ruiz e Ceumar

não querer ser sempre
para pra sempre ser
isso eu aprendi com o vento

saudade eu tenho de tudo
o que a gente vai viver
mas ainda não teve tempo

tudo o que é leve
o vento leva
eu quero aprender um jeito
de reinventar
certeza ou tristeza
de qualquer jeito o vento vai levar
na brisa do mar
no sopro da vela
ao se apagar

Pessoal, quem ainda não teve a oportunidade de ouvir o CD novo da Ceumar, por favor! Está muito lindo, aproveitem!
Beijos

segunda-feira, 10 de agosto de 2009


“Então o homem, flagelado e rebelde, corria diante da fatalidade das coisas, atrás de uma figura nebulosa e esquiva, feita de retalhos, um retalho de impalpável, outro de improvável, outro de invisível, cosidos todos a ponto precário, com a agulha da imaginação; e essa figura -nada menos que a quimera da felicidade - , ou lhe fugia perpetuamente, ou se deixava apanhar pela fralda, e o homem a cingia ao peito, e então ela ria, como um escárnio, e sumia-se, como uma ilusão.”

Machado de Assis em “O Delírio”, Memórias Póstumas de Brás Cubas

terça-feira, 4 de agosto de 2009

ÀS VEZES ENTRE A TORMENTA



Às vezes entre a tormenta,
quando já umedeceu,
raia uma nesga no céu,
com que a alma se alimenta.

E às vezes entre o torpor
que não é tormenta da alma,
raia uma espécie de calma
que não conhece o langor.

E, quer num quer noutro caso,
como o mal feito está feito,
restam os versos que deito,
vinho no copo do acaso.

Porque verdadeiramente
sentir é tão complicado
que só andando enganado
é que se crê que se sente.

Sofremos? Os versos pecam.
Mentimos? Os versos falham.
E tudo é chuvas que orvalham
folhas caídas que secam.

Fernando Pessoa, in 'Cancioneiro'